Rita Hayworth
Muitos chamariam de futilidade, formalmente chamamos de “uma humanidade baseada em padrões estéticos cada vez mais altos”. Homens e mulheres lutando para parecer perfeitos, tentando atingir belezas quase inatingíveis, possíveis somente com enormes extratos bancários. A sociedade parece valorizar um padrão de beleza visto, muitas vezes, somente em cinemas e passarelas de moda. E a terrível verdade é que a mídia é, principalmente, a formadora de opinião dos valores morais da sociedade de hoje. Encontramos na publicidade, no jornalismo e nas mídias sociais uma obsessão por mostrar corpos, rostos, belezas quase perfeccionistas. Quantas vezes já não nos deparamos com capas de revistas e reportagens sobre o corpo, e, é claro, sempre mostrando o quanto a vida daquela pessoa parece ser perfeita e maravilhosa por ela adquirir determinado padrão estético? E não começou agora, em tempos contemporâneos. A mídia sempre deu um jeito de mostrar para o mundo mulheres perfeitas, desde tempos antigos. A década de 50 foi o maior exemplo dessa explosão de padrões estéticos. Duas personalidades femininas demarcavam o estilo da época. Mulheres consideradas naturais e jovens, como.Audrey Hepburn e Grace Kelly, porém também fatais e sensuais, como as atrizes Rita Hayworth e Ava gardner. Mais tarde chegou a vez da era de Marilyn e Brigitte Bardot, uma mistura do estilo sensual e jovem. Qual é, realmente, o limite para todo essa obsessão por beleza? E, principalmente, até que ponto a mídia influencia esses padrões estéticos e forma a opinião de cada cidadão no mundo?
Se colocarmos “moda e beleza” no Google vamos nos transportar para um mundo totalmente voltado a padrões perfeitos: geralmente mulheres magras, altas, com boca e olhos que chamam a atenção. Mas, mais do que isso, nos conduziremos a um mundo de frustração, decepção e sonhos, talvez, impossíveis. O valor moral da sociedade está muito voltado para a beleza. Os salões estão sempre cheios, as mulheres querem se cuidar, ficar bonitas. Refletindo mais cientificamente, talvez essa carência pela beleza e perfeição seja muito mais psicológica do que imaginamos. Com certeza você já escutou uma amiga linda sua dizer que se acha feia e tem problema de auto estima. Ou até mesmo o contrário: mulheres mais gordinhas e com traços imperfeitos estarem totalmente tranqüilas com a sua aparência. O modo como nos vemos está ligado internamente com nosso passado, influencias, personalidade, interesses. Mas, também, está ligado com a influencia midiática e as informações que circulam pelo âmbito comunicacional. Vemos constantemente blog’s de moda, maquiagem, cirurgia plástica, cabelos. Dietas também são muito acessadas, tudo para ser magra, bonita, ter sucesso. Mas será que realmente a realidade é como a mídia nos informa? Será mesmo uma modelo feliz e satisfeita com a sua vida? Acredito que não. E não paramos por aí. A felicidade não é sinônimo de beleza, e sim de um estado mental. Quem não liga para a beleza pode até ser mais feliz, sem qualquer frustração. Já ouvimos falar que o mundo da moda é, apesar de glamuroso, frustrante . Modelos querendo passar por cima das outras, decepções e muitas comparações.
Essa veneração pela mulher perfeita acabou sendo a causa da abertura de milhares de clínicas de cirurgia plástica nesse século. Entretanto, essa submissão da mulher de querer ser “igual às outras” acabou empobrecendo o patrimônio cultural de alguns países. Na china, por exemplo, encontramos uma jovem de 18 anos que há, 11 meses atrás, foi alvo de quatro operações para remodelar os olhos, o nariz, as maçãs do rosto e o queixo. “Entrei no concurso para provar que a cirurgia não modifica quem você é, só corrigi imperfeições” diz Wang Yuan, que admira a aparência das mulheres do Ocidente. (Marie Claire, nov. 2005). Na África, algumas mulheres acabaram contraindo estrias, acnes alergias e doenças epidérmicas por terem se submetidos a cremes branqueadores de pele. Segundo a Associação Internacional de Informação sobre a Despigmentação Artificial (Aiida), 67% das mulheres senegalenses despigmentam sua pele (Folha de S. Paulo, 03.04.2004). Eu me pergunto: Até que ponto a beleza é bem vinda? Seria a vontade de ser perfeita uma verdadeira forma de insegurança e carência dessas mulheres? Definitivamente, sim. Estamos cada vez mais perdendo nossa originalidade, singularidade. O ser humano se obcecou pela mulher-padrão a tal ponto que nem mesmo a cultura de seu povo e sua característica racial é preservada. Vivemos na globalização, em uma época que para ser igual as “angels” da Victoria’s Secret apelamos para o bisturi e a anestesia.
Nem sempre o que é bonito para um, é belo para o outro. A beleza muda a cada década, cada milênio. Essa oscilação de padrão feminino nada mais é que a valorização do mercado, da indústria e uma forma de controle dos reis do capitalismo de querer ganhar e manipular cada vez mais. E o pior é que caímos nesse jogo, influenciados pela própria raça humana. Devemos ter nossos próprios valores, ideologias e opiniões. A beleza pode ser também simples, marcada por traços finos, como a simplicidade e singeleza. Esse estereotipo “americano” só vai acabar quando valorizarmos mais o conteúdo ao invés da forma.
Talvez tentar aceitar sua própria beleza, aquela com a qual você nasceu, seja bem mais fácil. A aceitação nos transforma e não nos torna competitivos, frustrados, comparativos. E quem sabe essa aceitação não nos mostre belezas muito mais significativas: a beleza da personalidade, da compaixao, do que voce é, realmente. Porém nao deixe de inovar: tenha estilo, crie e mostre para a mídia que você que faz o seu próprio padrão de beleza, existem gostos para tudo! Aceite e saiba conviver com suas imperfeições, pois nem mesmo Angelina Jolie ou Megan Fox são perfeitas.